Há um movimento para que as grandes marcas ajudem a salvar os músicos independentes durante a pandemia do Covid-19. E são apresentados motivos práticos para isso: com música independente, as agências e marcas não precisam gastar tanto dinheiro para obter os direitos de boas músicas ou os royalties de tocá-las, e bons músicos independentes que estão precisando no momento poderão ganhar dinheiro suficiente para sobreviver a isso. Como você vê esse cenário?
Minhas experiências durante a Covid têm mostrado que o mercado não necessariamente reduziu suas estruturas de orçamento durante esse período. Além disso, tem tido menos trabalho, além de novos acordos não estarem sendo feitos com tanta frequencia durante o Covid. Ao meu ver, músicos independentes não terão necessariamente mais oportunidades durante esse período.
Pela sua experiência, quais são os prós e os contras de trabalhar com música independente em publicidade? E que dicas você pode compartilhar com as agências que desejam seguir nessa direção?
O pró é que a oportunidade de encontrar algo único e original é maior. Para mim, a originalidade é a maior de todas as moedas. O contra é que geralmente, é difícil obter as devidas documentações.
Acho que a maioria das agências, por causa da aversão à responsabilidade e à violação de propriedade intelectual, não está disposta a correr riscos se tudo não for amarrado da perspectiva dos direitos. Penso que, para romper isso, às vezes riscos podem ser estratégicos e cirurgicamente assumidos.
O que você normalmente procura em um artista quando está em busca de música? E o que um artista independente pode fazer para melhorar suas chances de ser selecionado?
O que importa pra mim é sempre o trabalho e como a música e o artista se alinham com ele. Isso conduz meu processo de decisão.
Em artigo recente, você mencionou que, durante a pandemia do Covid quase toda a música usada em publicidade, marketing, mídias sociais e mensagens políticas é muito parecida, e até soa a mesma coisa. Você tem notado alguma tendência em termos de que tipo de música está sendo licenciada / comissionada? E como músicos independentes podem se aproveitar disso?
Nos últimos meses, a música que ouvi em novas propagandas é basicamente a mesma. Geralmente é solene, agridoce, edificante, muito piano minimalista com formas repetidas ou acordes e cores orquestrais em tom sério. Muito óbvio e de impacto emocional. Se músicos independentes têm músicas que preenchem esse espaço, parece haver uma oportunidade.
Existe alguma coisa que te faz menos propenso a usar a música de um determinado artista?
Não para mim! Estou aberto a todos os tipos de artistas e músicas, desde que eles se alinhem e suportem uma ótima ideia.
Uma pergunta mais generalista: o que caracteriza uma ótima trilha sonora?
Para mim, uma ótima faixa é aquela que é única, que gera emoções e é claramente atraente. Isso não significa que estou sempre procurando esse tipo de música, pois cada situação é distinta no meu trabalho.
Você atualmente lidera uma consultoria musical chamada Brooklyn Music Experience. Conte-nos sobre sua empresa e os serviços que você oferece?
Essencialmente, se um criador de conteúdo, uma startup de música, de marketing ou empresa de mídia estiver procurando mentoria, acesso ou conhecimento sobre qualquer coisa relacionada à música, eu posso ajudá-los.
Pra finalizar, você passou a vida toda trabalhando com música e publicidade. Quais são os trabalhos de que você mais se orgulha ao longo de sua longa carreira de sucesso?
Estive envolvido em vários trabalhos musicais incríveis que foram criados para anúncios e depois foram lançados como faixas na cultura geral e foram lançados por gravadoras ou tiveram uma mídia social impactante. Alguns deles são:
Leandro
30 de junho de 2020 at 20:09Incrível a matéria. Inspiradora. Parabéns!